terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Yasminn Brito Onça







O PEQUENO PRÍNCIPE



Monografia apresentada, sob orientação da professora Maria Lúcia Guglielmi Fioretti à EME Professora Alcina Dantas Feijão como um dos requisito para obter o certificado de conclusão do Ensino Médio.




São Caetano do Sul
2010

DEDICATÓRIA

A todos que vêm carneiros através de caixas. Aos que enxergam com o coração. Aos cativados. Aos que surportam suas larvas. A todas as rosas que procuram seus Pequenos Príncipes e todos os Pequenos Príncipes que procuram por suas rosas...

AGRADECIMENTO

Obrigado Deus por me dar a oportunidade de viver, eu lhe prometo que farei bom uso dela. Obrigado por permitir que eu descubra a cada dia um pouco mais sobre mim e o mundo que criastes. Agradeço por escolher perfeitamente bem a minha família e por me proporcionar tão valiosos colegas. Sou grata por tudo que sou, cada detalhe que o Senhor cuidadosamente moldou.
Não posso deixar de citar o nome do grande amor da minha vida, Chrystal, que mesmo quando os dias estão nublados ou até mesmo chuvosos tem a capacidade de fazer com que o Sol cegue meus olhos só por sorrir. À minha mãe, Rute, que é meu eterno espelho e exemplo de caráter, garra e determinação. E ao meu pai, William, que não se encontra mais em nosso meio, pelo simples fato de me fazer imensamente amada nos momentos em que estivemos juntos.
A todos os professores que formam cidadãos pensantes e não apenas mais repetidores de informações, pretendo me juntar a vocês. Aos meus colegas de escola pelos imensos risos e inevitáveis colas. Agradeço a Deus pelo amor que eu sinto pela vida e aos sonhos que me permite ter e realizar.

SUMÁRIO

Introdução
1. Antoine de Saint Exupèry e o Pequeno Príncipe
2. Exposição de O Pequeno Príncipe na OCA
3. Léon Werth, quando criança.
4. Mais importante que o traço, é a história que ele conta.
5. O Pequeno Príncipe
6. Os tipos de adultos
7. Planeta Terra
8. Deserto
9. Seria o piloto de O pequeno príncipe o próprio Exupèry?
Conclusão

RESUMO

Obra mais conhecida de Antoine de Saint-Exupèry, escrita durante a Segunda Guerra Mundial, O Pequeno Príncipe recebe o pódio de terceiro livro mais traduzido do mundo. Após resumidamente tratar da vida do autor, trata-se também da exposição que a obra teve na Oca em 2009, ano da França no Brasil. Através de citações do conto, incentiva-se a infantilização das crianças, que são automaticamente criadas para serem, desde sempre, adultas. Além tratar da educação dos adultos, para não permitirem que suas crianças interiores morram, para que não tenham medo de enfrentar seus obstáculos e realidades.

INTRODUÇÃO

Terceiro livro mais traduzido do mundo, perdendo apenas para a Bíblia e o Alcorão, tendo sido publicado em 160 línguas ou dialetos é também o livro francês mais vendido no mundo. O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupèry foi escrito em 1943 e atualmente tem cerca de 80 milhões de exemplares e entre 400 a 500 edições.
Em plena Segunda Guerra Mundial o autor, aviador de guerra francês, descreve um episódio que supostamente acontecera com ele anos antes, no deserto do Saara enquanto tentava bater um recorde de travessia aérea.
Em poucas, porém muito bem aproveitadas páginas, o autor escreve uma história completamente original através de diálogos e muitas observações. Detalhista nos pontos físicos e mentais das personagens, o livro é lembrado por suas características marcantes. Como toda obra de arte, pode ser lido por diferentes ângulos; é passível de interpretações e traz lições de vida.
Dividido em capítulos, descrevendo e analisando personagens, a exposição na Oca, no Ibirapuera em São Paulo, também é citada. Viajando pelos planetas em que O Pequeno Príncipe conhece ao longo do livro, é possível encontrar muitas características que dizem muito sobre os humanos atuais.
Através de algumas citações da obra, são feitas breves pontes do conto com a realidade humana e a necessidade de infantilizar as crianças e manter a criança sempre viva dentro dos adultos afim de que não se percam em valores.

1. ANTOINE DE SAINT EXUPÈRY E O PEQUENO PRÍNCIPE

Levei muito tempo para compreender de onde viera.

Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupery nasceu em 29 de junho do ano de 1900, em Lyon, França. Filho de Jean-Marie Saint-Exupéry e Marie Boyer de Fonscolombe, terceiro de cinco irmãos de uma família aristocrática.
Viveu sua infância em uma linda casa de campo. Sua mãe era uma intelectual apaixonada pela arte, sempre pacífica, tranquila e apoiando as escolhas dos filhos. Exupéry passou sua infância no castelo da família materna após a morte do pai, aos 4 anos. Aos 17 sofreu a perda do irmão quatro anos mais novo. Nessa época, fez um auto-retrato em nanquim expressando toda sua angústia pelo desenho quase todo em preto, tapando o rosto.
Foi um aluno problemático no Colégio de Jesuítas Notre Dame de Saint Croix, freqüentemente castigado pelo desinteresse nos estudos e punido pela desordem no material escolar.
Seu casamento não foi feliz. A esposa tinha um gênio difícil, e o seu não era melhor. Por isso, pouco vivia com ela e procurava sempre sair de viagens.
Anos depois tornou-se piloto civil e de guerra, escritor e ilustrador. Suas obras se caracterizavam por assuntos em comum, como a aviação e a guerra, mas também escreveu para revistas e jornais franceses e de outros paises sobre diversos assuntos.
Ele trabalhou como piloto no primeiro correio aéreo do mundo, a Aéropostale, que posteriormente viria a se tornar a Air France. Como aviador, passou pela América do Sul, incluindo o Brasil - chegou até a escrever algumas linhas do livro Voo Noturno no Rio de Janeiro. Sua função era socorrer os pilotos que caíam no deserto. Parece que, salvando outros pilotos da morte, ele queria se salvar. Esse era o tipo de vida que o atraía, longe dos adultos.
Em 30 de dezembro de 1935, Saint-Exupéry e seu navegador André Prévot caíram no Deserto do Saara, na Líbia, enquanto tentavam quebrar o recorde de travessia entre Paris e Saigon. Segundo diversos autores, Saint-Exupéry escreveu O Pequeno Príncipe inspirado nesta experiência.
Em 1939, no início da Segunda Guerra Mundial, lutou pela França como Capitão da Força Aérea. Com o colapso do seu país, foi desmobilizado, indo morar nos Estados Unidos.
O romance de maior sucesso do autor foi escrito um ano antes de sua morte, em 1943, denominada ‘Le Petit Prince’, em francês, conhecida como ‘O Pequeno Príncipe’, no Brasil e “O Principezito” em Portugal. A obra foi escrita durante o exílio nos Estados Unidos, enquanto fazia visitas ao Recife. Foi esta, talvez, a época mais amarga de sua vida.
Ele viveu infeliz com a esposa, triste durante sua estada em Nova Yorque, frustrado por não conseguir que os franceses se unissem na luta contra os nazistas e também pela indiferença americana à guerra. Só nos céus ele parecia de realizar, voando.
Saint-Exupèry não era um escrito prolixo. Em 1931, publicou Voo noturno e, em 1939, Terra dos homens. Entre eles, somente alguns artigos. Logo depois, vem Piloto de guerra, seguido de O pequeno príncipe, suja primeira edição foi lançada em 1943 nos Estados Unidos. Ele já obtivera êxito com seus livros anteriores, mas com sua obra-prima, o sucesso foi estrondoso.
Assim que os americamos entraram na guerra, Exupèry voltou para a Europa. Tentou entrar na Força Aérea, mas foi recusado devido sua idade. Fez uso de sua influência para ser aceito a voar novamente. Morreu em missão de guerra em 1944, antes mesmo que O pequeno prícnipe fosse publicado em francês. No fim deste mesmo ano, recebeu as maiores honras do exército. Seu corpo jamais foi encontrado. Seu desaparecimento se tornou um mistério até que em 1998 foi achada uma pulseira sua na rede de um pescador no mar de Marselha.
O Pequeno Príncipe é atualmente o terceiro livro mais traduzido do mundo, perdendo somente para o Alcorão e a Bíblia. Possui mais de 80 diferentes capas e idiomas em suas edições. Tornou-se um grande sucesso e tem sido traduzido para mais de 60 idiomas e vendido mais de 80 milhões de cópias, tornando um recordista de vendas de todos os tempos. O livro é ilustrado por caricaturas do próprio autor e o desenho que representa a personagem principal pode ser reconhecido no mundo inteiro.
O Pequeno Príncipe é de caráter aparentemente simples, porém o livro possui grande profundidade em sua filosofia de pensamento. A obra é construída por personagens simbólicos que abordam em suas apresentações uma profunda análise aos nossos valores. Os ensinamentos que são tratados ao longo da história são inúmeros, visto que todas as vezes que a história é lida acompanha uma visão diferente, a qual nos convida a viver de uma forma nova e melhor.
Este encantador conto é capaz de transformar o pensamento e atitudes do leitor, resgatar lembranças e transmitir a cada um uma experiência particular. Em poucas palavras: um livro infantil escrito para adultos. Adultos que estiveram presentes durante a Segunda Guerra Mundial e adultos que vivem a partir do modo de vida adotado desde então.

2. EXPOSIÇÃO DE O PEQUENO PRÍNCIPE NA OCA

O Ano da França no Brasil foi uma iniciativa do governo dos dois países, com o objetivo de aprofundar as relações bilaterais no âmbito cultural, acadêmico e econômico.
Para isso, foram realizados centenas de eventos no ano de 2009 em todo o país, como exposições, shows, concertos, ciclos de cinema, seminários e festivais, que deram ao público brasileiro a oportunidade de acompanhar manifestações artísticas da França contemporânea e conhecer mais a fundo sua cultura.
Por este motivo, na Oca do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, foi realizada uma exposição da obra O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, escritor francês.
O livro foi recontado e reproduzido em cenários nos 10 mil metros quadrados dos quatro pavimentos da Oca. Os visitantes puderam ver além de inúmeras referências ao livro, fotos de família, alguns objetos pessoais do autor, além de estudos, desenhos e esboços que, posteriormente, levariam ao livro e mais de 300 peças por todo local. A exposição reuniu exemplares em 60 línguas diferentes. Prova de que não há fronteiras para essa história que vai muito além do universo infantil.
Logo na entrada, as primeiras surpresas. O ingresso para entrar na exposição era em forma de passagem área (além de poeta e escritor, Saint-Exupéry foi aviador). Logo na entrada há uma pequena Paris - onde estão instaladas lojinhas, docerias e lanchonetes. A partir daí, 15 ambientes contam a história do livro e do autor e reservam momentos de interação.
Na exposição, havia espaço para a criatura e para o criador. O primeiro andar da oca contou a história do autor do livro, Saint-Exupéry. Em espécies de casinhas, estão representadas partes do livro. Em uma delas, vemos os planetas que o Pequeno Príncipe visitou e os personagens que ele conheceu antes de chegar à Terra.
No último andar do prédio, foi possível senti-se dentro da história em uma reprodução do pequeno planeta de onde veio o Pequeno e o subsolo foi transformado em uma espécie de mapa das viagens do autor do livro, inclusive ao Brasil, e a réplica de um avião, utilizado pelo escritor.
A homenagem a Saint-Exupéry ficou exposta de 22 de outubro a 20 de dezembro de 2009 na Oca – Parque do Ibirapuera, São Paulo.

3. LÉON WERTH, QUANDO CRIANÇA.

A obra O Pequeno Príncipe é dedicada a ‘Léon Werth, quando era pequenino’.
Léon Werth foi escritor francês e crítico de arte. Escreveu com grande precisão sobre a sociedade francesa na colonização, I e II Guerra Mundial. Era anarquista e filho de judeu, com estilo de escrita surrealista.
Conheceu Saint-Exupéry em 1931 em seu grupo de voo da Aeropostale, quando tornaram-se grandes amigos. Exupéry era vinte e dois anos mais novo que Werth e possuiam muitas características opostas.
Léon Werth recebeu além da dedicatória de O Pequeno Príncipe, a dedicatória de Carta a um Refém.
Enquanto Saint-Exupéry estava exilado em Nova Yorque - Estados Unidos, Léon passou a guerra no Jura, uma região montanhosa perto da Suiça e é a este momento que se refere Exupéry ao dizer em sua dedicatória “sozinho, com frio e fome”.
Como lhe pedia o coração, Jean retornou à Europa afirmando que não poderia suportar viver longe dos que sentiam frio e fome e dizia estar saindo dos Estados Unidos para sofrer e, assim, estar unido àqueles que lhe eram queridos.
Werth afirmou ao fim da guerra, após a morte de Exupéry, que a paz sem ele não era totalmente paz.
Éditions Galimard enviou-lhe uma edição especial cinco meses depois da morte de seu amigo.

4. MAIS IMPORTANTE QUE O TRAÇO, É A HISTÓRIA QUE ELE CONTA.

O autor de “O Pequeno Príncipe” sofreu uma mutilação adulta logo aos seis anos de idade, quando apresentou uma gravura que fez de uma imagem que o impressionou. Seu desenho, de um elefante que havia sido engolido por uma jibóia foi confundido com um chapéu. Ao ser repreendido, quando criança esconde sua criatividade com medo de afastar-se do normal. O medo da rejeição e de perder o amor dos familiares se fosse diferente, fez com que essa criança abandonasse sua inteligência natural, como passaporte para manter-se nos critérios da sociedade atual.

As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo, para as crianças, estar toda hora explicando.

A obra afirma que a criança refletiu muito antes de desenhar o primeiro, anunciando o intelecto por trás do desenho que, obviamente, fazia completo sentido para o desenhista.
Sem obter interpretação coerente ao seu desenho, é incentivada a seguir o exemplo dos adultos: estudar e saber conversar sobre coisas supostamente importantes. Sente medo de que, se quando crescer deixará de ver o mundo como ele é. Não quer fica cego como os adultos que não veem as jibóias.
Para uma criança ilustrar sua nova casa para outra criança, é só desenhar um círculo, ou um quadrado, para alguns um quadrado com um triângulo em cima e isto basta, mesmo que este seja um apartamento, ambas conseguem ver, a seu modo, todas as características e detalhes daquele novo lar. Para um adulto ilustrar sua nova casa para outro adulto é necessário que saiba o tamanho do terreno, a planta, o preço da construção, o número de quartos e banheiros para que seja possível visualizar esta casa, mas que talvez nunca seja vista como um lar, apenas como mais uma conquista a exibir.
O Pequeno Príncipe tinha a capacidade de criar e de imaginar através dos desenhos, por este motivo visualizou o elefante dentro da jibóia e o carneiro dentro da caixa. Pessoas grandes perderam estas capacidades. Mais importante do que o grafismo é o que ela conta sobre o desenho.

5. O PEQUENO PRÍNCIPE

"Todas as pessoas já foram criança. Mas algumas se esquecem disso"
Perplexo com as contradições das pessoas grandes, o pequeno príncipe segue sua viagem de compreensão dos mundos ao seu redor como um símbolo dessa nossa eterna busca por significado e inevitável confronto com as idéias e comportamentos alheios que à princípio nos surpreendem, ou mesmo irritam, mas que por fim contribuem para o desenvolvimento de nossa própria percepção das coisas. Extraordinário e misterioso, ele morava num planeta muito pequeno, como é o nosso mundo particular e o nosso campo de visão até percebermos que há um grande universo de diferentes mundos ao nosso redor. Ali ele se viu, um dia, arrebatado por um sentimento novo que lhe fez questionar a mediocridade de sua rotina.
Quando chega ao Planeta Terra, de primeira reconhece o elefante dentro da jibóia e continua pedindo o desenho do carneiro. Contenta-se apenas quando lhe foi desenhado uma caixa, que continha três furos e entusiasma-se “Era assim mesmo que eu queria”.

Era assim mesmo que eu queria

O Pequeno Príncipe não tinha explicitamente a imagem do carneiro, mas usou a imaginação para vê-lo e este, por ser visto em sua criatividade é exatamente da forma como desejou. Nada corresponde ao poder de nossa imaginação, todos nascem com ela, embora muitos não a levem por toda vida por acreditar que é um fardo muito pesado para carregar em uma sociedade que exige tanta realidade.
A imaginação é maior que qualquer conhecimento, porque não tem limites e possibilita novas descobertas. Crianças são lembradas pela capacidade de imaginar que possuem, devem todas manter-se assim por toda a vida.
“Desenha-me um carneiro”
Por vezes carneiros são procurados para acabar com as procupações do dia-a-dia, mas é preciso compreender que ninguém melhor que você mesmo para separar as sementes, para que os carneiros não comam as sementes das flores junto com os baobás. Se você quer as coisas boas que o mundo pode lhe dar, tem de trabalhar duro para separá-las das ruins. Não dá para pedir que o carneiro faça esse trabalho por você. O carneiro é inconsciente, não sabe escolher. É preciso usar a capacidade de discriminação para separar o bom do ruim. Só um homem consciente pode controlar seus instintos.
“- E se tu fores bonzinho, darei também uma corda para amarrá-lo durante o dia. E uma estaca.
- Amarrar? Que idéia esquisita! - disse o Pequeno Príncipe.
- Mas se tu não o amarras, ele vai-se embora e se perde...
(...)
- Quando a gente anda sempre para frente, não pode mesmo ir longe...”
O Príncipe sabia que andar somente para frente não dá grande resultado.
As pessoas esqueceram-se de olhar para os lados, para as que se importam e para as pessoas que lhes importam. Elas aderiram a ideologia de passar por cima de tudo para atingirem seus objetivos e desaprenderam, ou nunca chegaram a aprender que, às vezes, é necessário sair da reta para não deixar nada importante para trás. Focam-se por metas absurdas e de valor monetário, mas nunca de valor sentimental. Todos esqueceram de viver e de amar. Permitir olhar para os lados significa que a distração ocupa tempo e tempo, ah... tempo é dinheiro! O Pequeno sabia que algumas vezes é preciso parar, é preciso contornar e buscar coisas que ficaram para trás.
O que ele não sabia é que é preciso amarrar para não fugir, amarar para não sair, amarrar para não perder. Ele não compreende e acha esquisita a forma de manter um amigo, porque sabe que o que realmente lhe pertence não precisa amarrar. Mas as pessoas grandes tem medo, elas amarram as coisas, as pessoas e todo resto que puderem ao seu redor para que não partam; porque não sabem manter amizades. Elas não sabem perder, e pior, elas não aprenderam a tratar da perda e por isso seguem sempre em linha reta, não voltam para trás.
“Tenho sérias razões para supor que o planeta de onde vinha o príncipe era o asteróide B 612. Esse asteróide só foi visto uma vez ao telescópio, em 1909, por um astrônomo turco. Ele fizera na época uma grande demonstração da sua descoberta num Congresso Internacional de Astronomia. Mas ninguém lhe dera crédito, por causa das roupas que usava. As pessoas grandes são assim.”

Em uma sociedade capitalista, estudo é sinônimo de sabedoria, mesmo que não se saiba aplicar nenhum conhecimento. Vestimenta apresenta o poder aquisitivo e conseqüentemente a importância e valorização daquilo que diz. Os adultos, especialmente os materialistas, julgam pelas aparências. Até que o astrônomo turco apareça em elegantes roupas ocidentais sua teoria não foi ao menos ouvida.

As crianças crescem com a idéia pré-concebida de que as pessoas ricas são mais inteligentes e, por isso, lhe proporcionarão mais oportunidades.
“As crianças devem ser muito indulgentes com as pessoas grandes.” porque elas perguntam muito e só acreditam quando lhes são apresentados fatos que comprovem qualquer tipo de coisa. Depois de algum tempo, passam a se conformar com os fatos e deixam de questionar. Por isso vivemos em uma sociedade muda.
“Julgava-me talvez semelhante a ele. Mas, infelizmente, não sei ver carneiro através de caixa. Sou um pouco como as pessoas grandes. Acho que envelheci.”
O aviador reconhece suas características de pessoa adulta e sabe que não conseguiria enxergar o carneiro através da caixa, mas julgava-se talvez semelhante ao Pequeno Príncipe porque sabe que não deixou morrer a criança que foi, mesmo que desencorajada, ela continuava lá e conseguia encontrar semelhanças em uma criança pura.
Em uma certa idade somos obrigados a amadurecer, assumir responsabilidades e a ocupar nosso tempo com compromissos sempre muito importantes. Amadurecer e aderir responsabilidade exige grandes mudanças de comportamento e na vida das pessoas, podendo não significar que em seu íntimo não possa, ainda que velha, existir uma criança que vive adaptada ao novo formato de vida.
Crianças são somente crianças, adultos não precisam ser somente adultos se souberem cultivar a inocência e a pureza infantil dentro de si.

Os baobás, antes de crescer, são pequenos.
Baobás são grandes e fortes árvores, quase impossíveis de derrubar, como nossos pensamentos e valores adotados ao longo da vida. Valores que são criados e determinados por ninguém sem objetivo nenhum e que se forem permitidos crescer dentro de nós tomam conta do nosso espaço e fazem com que gastemos nossa vida em função deles.
A natureza nos faz crescer, mas não nos faz esquecer das características marcantes de uma criança. Existem pessoas que são consideradas socio e economicamente grandes, mas são bastante pequenas em seu íntimo por não saberem cultivar a essência de uma criança no seu interior sem nunca ter que fazê-la envelhecer.
“Mas quando se trata de uma planta ruim, é preciso arrancar logo, mal a tenhamos conhecido.”
Mas quando esta planta, este nosso pensamento, não permite que nós evoluamos é preciso que ela seja cortada pela raíz e para isso é necessário deixar a linha reta, fazer a volta e arrancar a semente, para que não cresça mais uma vez, para que este mal não seja tão grande que nos cegue a visão.
O Pequeno acreditar naquilo que não se vê, no que ninguém crê e até pode parecer trabalho de formiguinha, que não Príncipe perfurava as raízes dos seus baobás todos os dias. Todos os dias fazia o contorno da linha reta e cavava as sementes, assim como todos os dias devemos acaba nunca, mas rende muitos resultados.

E se o planeta é pequeno e os baobás numerosos, o planeta acaba rachando.
Se nossa mente é pequena e as ordens são muitas, acabamos nos perdendo dentro de nós mesmos e deixando, dia após dia, uma característica pessoal para trás no lugar de um valor de gente grande. Um valor, possivelmente, sem sentido.
"Meninos! Cuidado com os baobás!"
“É tão misterioso, o país das lágrimas!”
Alguns adultos perderam a capacidade de sorrir, mas pior que estes só os que perderam a capacidade de chorar. O choro alivia a dor que luta pra sair, que esperneia e exige uma saída. O choro encoraja! Lágrimas movem montanhas, limpam a alma! Não é á toa que nascemos chorando. Choro não é, nem nunca foi sinônimo de fraqueza.
"Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. Ela me perfumava, me iluminava... Não devia jamais ter fugido. Devia ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu era jovem demais para saber amar."
Por vezes deixamos de conhecer melhor as pessoas, não permitimos que façam parte de nossas vidas, nos auxiliando na caminhada por julgar as pessoas por aquilo que dizem e deixamos passar pequenos atos diários. Deixamos de ver quão bem as pessoas fazem para nossas vidas, quanto as pessoas podem nos enriquecer e as deixamos ir, ou fugimos delas por acreditar que uma palavra ou outra são capazes de fazer com que seus atos sumam. Ou por acreditar que o melhor da vida está aos trinta anos, e quando os trinta chegam, achamos que tudo vai melhorar aos quarenta e adiamos dia após dia a nossa felicidade.
“É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.”
Algumas das melhores conquistas levam tempo para acontecer. Com os avanços tecnológicos atuais, a sociedade tem acesso à informações e a respostas de todas suas perguntas em questão de segundos. Por esse motivo, perderam a virtude de esperar. Não adianta acelerar o processo em que as larvas tornam-se borboletas, isso leva tempo, assim como alguns outros processos em nossas vidas.

Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas
palavras. Ela me perfumava, me iluminava ... Não devia jamais ter fugido. Deveria ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores ! Mas eu era jovem demais para saber amar.

Apesar de todos os cuidados do pequeno príncipe, ela nunca estava satisfeita. Era linda! Mas também orgulhosa, caprichosa e contraditória. Extremamente feminina e sedutora a rosa é um misto de caprichos e sabedoria.

6. OS TIPOS DE ADULTOS

O Pequeno Príncipe passa a relatar ao aviador o trajeto que o fez chegar até a Terra. Saiu em busca de ocupação e de se instruir.
Primeiro passa por um planeta, cujo dono é um Rei sem súditos. Este rei é um exemplo clássico dos adultos atuais: possuem necessidade de dar ordens.

É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar.
Ele pensa que tudo e todos são seus súditos e tem necessidade de controlá-los. Além disso, compreende que julgar a si mesmo é uma tarefa muito difícil, pois exige que se conheça muito bem.
No segundo planeta ele encontra com um Vaidoso. O vaidoso precisa da admiração de todos para comprovar o seu valor. Ele nos faz lembrar que precisamos reconhecer nossos próprios talentos e capacidades, e não depender de elogios dos outros para nos auto-afirmar. Os vaidosos são facilmente manobrados. Basta saber manipular sua vaidade e ele fará o que você quiser.

Mas o vaidoso não ouviu. Os vaidosos só ouvem elogios.
O planeta seguinte era habitado por um bêbado. Esta visita foi muito curta, mas mergulhou o principezinho numa profunda melancolia. O bêbado tenta escapar da realidade por meio do álcool, mas não consegue escapar da vergonha de ser como é. O seu desabafo é um alerta contra o vício nas mais diferentes formas com que se manifesta. Todos temos nossos vícios. Um vício é um hábito freqüente que normalmente desenvolvemos para esquecer ou fugir daquilo que não nos agrada em nossa realidade. Alguns deles são menos saudáveis que outros. E há aqueles que são doentios. E essa doença se caracteriza na dependência do hábito não pelos resultados alcançados, mas pela própria distorção de seu propósito.
As pessoas têm diferentes justificativas para evitar o crescimento, para atrasar a tomada de consciência. Existem prisões: pisão da vaidade, prisão da bebida, prisão provocada pela perda do equilíbrio mental. Cada um tem a sua prisão especial.

– Por que é que bebes?
– Para esquecer.
– Esquecer o quê?
– Esquecer que eu tenho vergonha.
– Vergonha de quê?
– Vergonha de beber!
O quarto planeta era o do homem de negócios. Estava tão ocupado que não levantou sequer a cabeça à chegada do príncipe. O homem de negócios está tão ocupado contando o que acumulou que não pode desfrutar da vida. O pequeno príncipe nos faz ver que isso também é um vício. É preciso valorizar quem você é, e não o que você tem. O senso de prioridade, que varia de um indivíduo pra outro, é o que pode livrar alguém do vício ou afundá-lo ainda mais nele.

– E de que te serve possuir as estrelas?
– Serve-me para ser rico.
– E para que te serve ser rico?
– Para comprar outras estrelas, se alguém achar.
'Esse aí', disse o principezinho para si mesmo, 'raciocina um pouco como o bêbado.

O quinto planeta era muito curioso. Era o menor de todos. Mal dava para um lampião e o acendedor de lampiões ... Um bom homem cumpre o seu dever. Mas como ele mesmo diz, "É possível ser fiel e preguiçoso..." O universo está em constante evolução. O homem, as crenças e as relações humanas também. Mas o acendedor de lampiões não tem o bom senso de questionar as ordens e trabalha sem parar, mesmo sabendo que não vai chegar a lugar algum. Às vezes, nos prendemos de tal modo às nossas ocupações que achamos que o mundo não funcionará sem nossa contribuição.
Nos sentimos imprescindíveis como uma engrenagem no funcionamento desse mundo, e vamos acumulando mais responsabilidades, de modo que o tempo vai-se esvaindo. Quando vemos, estamos num ritmo tão acelerado que já não podemos mais parar. Precisamos aprender a respeitar nosso próprio ritmo e não abraçar mais responsabilidades do que aquelas que nossas forças permitem.

Eu executo uma tarefa terrível. Antigamente era razoável. Apagava de manhã e
acendia à noite. Tinha o resto do dia para descansar e o resto da noite para dormir...
Ele é também um símbolo da vida moderna, cada vez girando mais rapidamente. Se o homem não souber parar e pensar, vai acender e apagar lampiões cada vez mais depressa, até morrer de exaustão.
"Aí é que está o drama! O planeta de ano em ano gira mais depressa, e o regulamento não muda!"
O sexto planeta era dez vezes maior - Era habitado por um velho que escrevia livros enormes. O geógrafo sabe toda a teoria, mas não aplica seus conhecimentos. Nunca sai da sua mesa para explorar as descobertas. Como um bom burocrata, declara que isso é trabalho de outra pessoa. É ele quem recomenda ao pequeno príncipe que visite o planeta Terra. E deixa o principezinho abalado quando lhe conta que sua flor é efêmera. É justamente por nunca ter aplicado seus conhecimentos que o geógrafo não percebe o efeito que aquele conceito gera no coração do princepezinho. O excesso de conhecimento associado à falta de empatia e vivência pode ser um comportamento igualmente danoso.

É muito raro um oceano secar, é raro uma montanha se mover....
O que vemos em todos esses planetas, são pessoas adultas muito ocupadas com tarefas que não têm importância alguma. Existem alguns homens que deixam de ter corpo de criança, conquistam uma profissão, constroem famílias e param na vida. O crescimento foi somente físico, não psicológico. Estes podem se espelhar nos personagens que o Pequeno Príncipe encontrou em sua viagem.

7. PLANETA TERRA

O sétimo planeta foi pois a Terra.

As estrelas são todas iluminadas ... Não será para que cada um possa um dia encontrar a sua?

Embora fale sempre por enigmas, a serpente é o personagem mais franco de toda a história. Ela respeita o que é puro e verdadeiro. Por isso, pode levar o Príncipe de volta para se asteróide.
Valor é um dos temas mais discutidos no livro. Na frase "o essencial é invisível aos olhos" o autor nos dá uma resposta de onde espera que encontremos o verdadeiro valor das coisas e em que proporção deve ser dado esse valor. Forma e conteúdo acabam sendo relevantes somente quando associadas ao valor correto e na medida certa.
"Mas sou mais poderosa do que o dedo de um rei.”

“É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas
Ao dizer isso, a rosa em plena ciência que é necessário, algumas vezes, sofrer para atingir ou conseguir o que se quer. Na era tecnológica atual, acostumou-se com a praticidade e rapidez com quem as coisas acontecem e consequentemente, perdeu-se a paciência de esperar por tudo.
Em suas andanças pela terra, o Pequeno Príncipe encontrou um jardim cheio de rosas. Todas maravilhosas. Mas elas não eram a sua rosa, que morava em seu planeta. Essas rosas estavam bem cuidadas; elas não precisavam dele. Sua rosa só tinha a ele para cuidar dela. Essa era a grande diferença.
A florzinha do deserto falou que os homens não têm raízes e são levados pelo vento. O vento leva os que não tem consciência. Aqueles que não reconhecem suas crises, que não têm coragem para encará-las e enfrentá-las.

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”
A sábia raposa ensina o pequeno príncipe a compartilhar. E explica-lhe que, apesar de existirem milhares de flores parecidas com a dele, aquela rosa que ele deixou em seu planeta e por quem tem tanto afeto é única em seu mundo, e foi o tempo que ele dedicou a ela que a fez tão importante. Com a raposa, aprendemos sobre o valor de cativar e ser cativado e percebemos que isso requer responsabilidade. Seja um amor, um amigo, um talento que possuímos e ou aquilo que conquistamos durante a vida, por qualquer coisa que cativemos nos tornamos responsáveis.
“E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.”
A rosa, trás a mensagem de que somos responsáveis por aquilo que cativamos, sejam atos ou pessoas. Não importa se existem muitas delas, aquela que cativar será sua e única.
“Não é possível ser único, se não for para alguém.”

8. DESERTO

Todos vivemos em um deserto. Não necessáriamente um deserto material, mas sim simbólico. Um deserto simbólico em que na realidade você pensa que está no deserto, mas é o deserto que está em você.
Sua vida ficou vazia, sem propósito. Viver para que? Para ficar mais rico, para ter mais estrelas, para acender e apagar mais lampiões?
Alguns refugiam-se em seus empregos e se mantêm ocupados para não pensar na vida. O Pequeno Príncipe em sua viagem encontrou muitos desses exemplos. Os que conseguirem não pensar na vida, substituindo suas inquietações por trabalho, ou outra preocupação qualquer, talvez só vivam essa crise na morte. É muito comum pessoas que se dedicam a alguma causa como o socialismo, capitalismo, comunismo ou qualquer outro ismo acharem que estão tentando salvar a humanidade ao se entupir de ideias materiais, evitando pensar na vida.
As pessoas ficam neuróticas quando não encontram a resposta desejada para as questões da vida. Elas buscam posição, casamento, reputação, sucesso externo ou dinheiro e continuam infelizes ou neuróticas, mesmo depois de terem alcançado aquilo que buscavam. Suas vidas não têm conteúdo ou significado suficientes. Se têm condições para ampliar e desenvolver personalidades mais abrangentes, sua neurose costuma desaparecer.
Alguns tentam e conseguem apenas despertar seus demônios, caindo em infernos particulares. Uns entram em depressão, outros se entregam à promiscuidade sexual, à busca desenfreada pelo poder, a atos destrutivos como bebida, drogas, ou até mesmo acidentes causados por riscos excessivos. Vão querer ser donos de 500 milhões de estrelas, ser reis de nada ou acende e apagar lampiões e outras tarefas materiais.
Existe um momento na vida que pode ser visto como um grande pesadelo do qual queremos fugir, acordar, voltar atrás. Porque ir em frente implica reconhecer e aceitar uma grande verdade da qual provavelmente já desconfiávamos. Estamos sozinhos nesse mundo. Mesmo tendo uma mulher/esposo/pai/mãe que o ame, não dá para esquecer que, em certos momentos críticos, quando paramos para pensar na vida e na morte, estamos sozinhos. Especialmente na morte, que é a experiência suprema, só sua.
O rei, o empresário, o bêbado, o acendedor de lâmpiões e o geógrafo estavam todos sozinhos em seus asteróides. Estavam no deserto, tentando esquecer-se de suas crises, buscando não reconhecer o deserto. O problema é que estavam apenas atrasando o processo de reconhecimento.
É se suma importância que, além das diversas atividades que o homem tem, ele saiba encontra-se. É normal qe o homem, antes da metade de sua vida, dê prioridade à sua carreira, a seus negócios. Mas isso não pode ser um caminho para toda a vida.
É nesse cenário que, após tanto aprender e ensinar o Pequeno Príncipe vai embora.

9. SERIA O PILOTO DE O PEQUENO PRÍNCIPE O PRÓPRIO EXUPÈRY?

Antoine de Saint-Exupéry, é possível narrador-personagem, visto que teve problemas na escola e era freqüentemente castigado pelo desinteresse nos estudos e punido pela desordem no material escolar. Passou a infância vivendo no castelo da família materna e assim tinha direto acesso à alta burguesia francesa, para quem, possívelmente, apresentou seus desenhos e fora desencorajado aos seis anos.
Além disso, a pesonagem que encontra o Pequeno Príncipe é aviador, assim como fora Antoine. Esta personagem relata o encontro com o princepizinho cerca de seis anos antes de escrever os acontecimentos. Através destes dados, a obra que é publicada em 1944, somente após sua morte, foi concluída antes de chegar à Europa, em 1943 e pode ter começado a ser escrita em 1942 e ao reduzirmos seis anos chegamos ao ano de 1936.
Em 30 de dezembro de 1935, Saint-Exupéry e seu navegador André Prévot caíram no Deserto do Saara, na Líbia, enquanto tentavam quebrar o recorde de travessia entre Paris e Saigon. Mais uma coincidência, ou não, a fábula se passa no deserto do Saara. É no deserto do Saara que após algum problema no motor de seu pequeno avião a personagem cai e é acordada por alguém que não poderia estar ali, em uma região longe de qualquer habitação, e lhe pede: “Desenha-me um carneiro”.

Conclusão

Exupèry sabia que não pré-julgar, nem censurar explicitamente determinados atos, poderia através de parábolas dispor a seus leitores completa compreensão e interpretação das situações sobre as quais escrevia. Isso possibilitou a aplicação universal de seu conto em todos os tempos, se adaptada às situações semelhantes. Tratar das coisas simples e dos sentimentos, fez com que a história fosse repercutida por todo o mundo, sendo compreendida por todo e qualquer público que a lê. Crianças não devem nascer com o fardo da responsabilidade que é ser o futuro. O futuro não está na criança, mas sim no adulto que a educa.
Existem vários caminhos para se chegar ao cume de uma montanha. Você pode subir pela face leste, oeste, norte ou sul. Qualquer delas, mas não todas elas. O melhor meio de se perder, e nunca chegar ao topo, é escolher um caminho e, na metade dele, voltar, por achar que outro possa ser melhor. E voltar para tentar outro, e voltar, e voltar. Assim, nunca se chega ao topo da montanha.
Todos apresentam uma postura repetitiva que busca incessantemente pelo nada. Não limitemo-nos a pensar que só existe uma possibilidade de viver ou que só poderemos ser felizes se seguirmos todas as trilhas que já foram abertas, mas que resultam sempre no mesmo fim. Se acompanharmos a trajetória do pequeno menino de cabelos loiros, sentiremos, no fundo de nossos corações que podemos ser mais e mais livres dentro de nossas descobertas. O universo de um não precisa ser necessariamente o universo de outro, e a busca de um nem sempre é a busca de outro, pois assim é que se descobre o valor de andar de mãos dadas e de saber a hora, o momento de soltar as mãos e voar, na calda de um cometa ou puxado por um bando de aves celestes. Portanto, faça sua pequena mala, prepare seu espírito e Tenha uma boa viagem, Curta a aventura de viver!
O piloto teve sua sensibilidade artística e a sua capacidade de ver além das aparências cerceadas por aqueles que haviam se entregado à monotonia de seus pequenos mundos. Mas anos depois, longe de todos, desenha a sua própria história com a ajuda daquele que deixou seu mundinho de lado para entrar nos mundos dos outros e aprender com eles. Tocado pela ingenuidade e simplicidade do pequeno príncipe, o piloto redescobre seus talentos e desperta para a beleza das coisas simples.
Crescer sem perder a ternura, sem perder a criatividade, ser perder contato com sua criança interior. O fato não é ser criança para sempre, é crescer, amadurecer, tornar-se adulto sabendo como ser criança. Crescer como criança sem perder a consciência é um detalhe importante.
Tentar se desprender das coisas terrenas. A vida não retrocede. Não é saudável abominar tudo o que se relaciona com a vida adulta. Parar de buscar os exemplos dos que interromperam a caminhada para a frente, dos que se acomodaram, dos que não lutam mais para adquirir consciência. Parar de tentar justificar a ângústia de crescer com os exemplos errados. Se não a vida real segue e fica só a vida provisória, de mentirinha que só leva ao desespero.
Quando o pequeno príncipe deixou seu planeta, ele era inocente (uma característica própria da infância, que atualmente está morrendo nas crianças cada vez mais cedo) e apaixonado (uma característica adolescente, que tem cruzado as fronteiras da infância sem piedade à medida que morre sua inocência), trabalhava duro e era ferido pelos espinhos de sua rosa (uma característica da vida adulta que põe em cheque tudo o que cremos e que nos impulsiona rumo ao comodismo ou à inovação), mas, principalmente, não tinha resposta para as perguntas mais profundas de sua alma (uma característica atemporal que afeta a todos e que torna nossa vida uma eterna jornada de busca e descobertas).
Portanto, procurar dentro de si as respostas para suas perguntas mais profundas, para os propósitos faz de cada ser humano dono de si, libertando-se de suas prisões. É preciso conhecer-se para evitar conflitos interiores, separar seus reais valores.